Sobre o vinho

HISTÓRIA DO VINHO
A história do Primiti vo se perde na noite dos tempos. Provavelmente trazida para a Puglia da outra margem do Adriáti co pelos Ilírios, um povo originário dos Balcãs dedicado ao culti vo da videira, a uva começou a ser comercializada em todo o Mediterrâneo pelos Fenícios, anti gos frequentadores de nossas costas. E quando os gregos começaram a colonizar o sul da Itália (século VII a.C.), difundindo suas castas de uvas escuras principalmente na Campânia e na Lucânia, o vinho helênico (precursor do Aglianico), embora apreciado, não penetrou na Puglia. Prova disso é o fato de que na época romana a expressão “merum” vinum era usada junto com a palavra “vinum”, vinho aromati zado com mel, água e várias resinas; ao invés disso, “merum” signifi cava vinho puro e sincero. Bem, a palavra “vinum” entrou em todas as línguas indo-europeias, enquanto a palavra “merum” permaneceu nos dialetos pugliese, onde ainda hoje o bom vinho é chamado de “mjier” ou “mieru”.
Os primeiros documentos relacionados a esse vinhedo datam da segunda metade do século XVIII, quando um clérigo, Dom Francesco Filippo Indellicati , fundador da igreja de Gioia del Colle, notou que entre as muitas videiras que cresciam em suas vinhas, havia uma que amadurecia antes das outras e produzia uma uva parti cularmente escura, doce e saborosa que poderia ser colhida em agosto. Indellicati selecionou a casta que na época se chamava zagarese e posteriormente a chamou de “primiti vo”, termo derivado de [1].
De algumas citações, pode-se deduzir com certeza que no início do século XIX, o original Dom Francesco Filippo Indellicati e outros viti cultores difundiram o vinho Gioia del Colle nas terras de Bari e Brindisi e nas terras de Otranto (hoje províncias de Taranto e Lecce). Por volta de 1820, o Primiti vo foi introduzido também em Turi, Cassano, Sammichele, Noci, Castellana Grott e. Para evidenciar a complexidade da realidade viti vinícola de Bari, ao lado do vinhedo original, foram culti vadas as uvas Troia, Bombino nero, Notardomenico, Aleati co e Amanera. As castas brancas eram Baresana, Verdeca e Fiano.
Se o Primiti vo iniciou sua história nas Murgia, será então nas ensolaradas terras do Salento (e em parti cular nas áreas circundantes, como as zonas rurais de Manduria, Sava, Lizzano e Maruggio, favoráveis à melhoria de suas qualidades) que ati ngirá sua máxima difusão. Esta últi ma viagem do Primiti vo foi devido ao casamento da condessa Sabini de Altamura com Dom Tommaso Schiavoni-Tafuri de Manduria.
A nobre, de fato, trouxe de sua cidade natal algumas mudas escolhidas da preciosa planta, uma espécie de presente que o marido manduriano soube aproveitar muito bem. Esse panorama ampelográfi co permaneceu inalterado até o início do século XX, quando as vinhas foram destruídas pela fi loxera. A fi loxera, originária do leste dos Estados Unidos, causou uma grave crise na viti cultura europeia a parti r de 1863. Foram necessários trinta anos para erradicá-la, recorrendo ao enxerto da videira europeia na americana. Em 1869, na França, Victor Pulliat criou a Sociedade Viti vinícola Regional de Lyon e organizou congressos e cursos de formação sobre raízes resistentes para regenerar as vinhas francesas atacadas pela fi loxera. A situação ampelográfi ca em 1908 na província de Bari caminhava para uma melhoria gradual: os primeiros enxertos com raízes americanas começaram a intensifi car-se a parti r de 1912 graças a agricultores com mentalidade mais avançada, como o Honorável Vito Luciani (subsecretário de Estado de Gioia del Colle (1910-11) e no pós-guerra ministro das terras libertadas), que reconstruiu os vinhedos sobre bases americanas, descobrindo a resistência à fi loxera, difundindo assim a cultura monovarietal ou quase monovarietal. Como o Primiti vo de Manduria é mais alcoólico, encorpado e com uma cor aveludada com refl exos violáceos, os franceses escolheram este vinho. Nasce assim a vocação para o corte do Primiti vo de Manduria, embora mais que uma vocação, deve-se defi ni-lo como um casamento de interesses.